sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Mais um ano começa e mais uma vez o morro vem abaixo, uma triste tragédia anunciada, prenunciada, que todos sabiamos que ia acontecer, que aconteceu, mais uma vez, no inconciente coletivo do mundo todo...
Mais um ano sem nexo, desconexo, desconectado, perdido, no meio da dor, tristeza, raiva, amargura, frustração, de velhas novas escolhas, de resultados sem esperar, e no meio disso tudo me acho perdido...
Tudo é tão velho... ligo a tv para ver as novas velhas noticias, as mesmas do ano passado, ano retrasado, e me vejo perdido, sentindo o cheiro de podre que só a morte tem, só o lixo dos anos que passaram tão amados, amantes, e me pergunto o que é o amor? O que é amar?
Amar sem ter que pedir, amar sem ter que implorar, amar sem ter que dar... E toda vez que acho que amei vejo que nada sei sobre amor, amor nao deixa dor, amor não é Deus, nem Deus é amor...
Que amor que é esse que aprendi no meu catequismo que cobra, impõe valores, padrões, obriga... Que Deus é esse, que deixa que montanhas desabem, pessoas que muito pouco tem deixem para trás seus filhos, seus amados, enquanto os ricos que roubam, que mandam matar, que mentem, estupram crianças saem vivos, estão no bem bom, sem passar fome, sem pisar na lama, passeando poraí, curtindo a brisa do fim do mundo, que nunca acaba, por mais que o medo seja grande, não foi no ano de 2.000, nem foi agora, nem vai ser em 2012, nem agora, nem nunca, o apocalipse não chega, nem o mundo fica mais quente, nem mais frio...
E nada muda.
E é tudo igual ao que sempre foi, sem tirar nem por.
E ninguém mudou.
E o amor se perdeu.
E tudo ficou igual, e o amor se perdeu...
A vida continua, na dor que bate no peito, na lágrima que desce, no amor que foi mandado e volta como ódio, recheado de mentiras, tristezas...
E a alegria ficou aonde?
E o amor que nunca foi amor?
Fragmentos de um ego desesperado por atenção... na energia despreendida...
Que se foi
E a morte podia tanto vir
E levar tudo embora, e me lembro que o tudo e o nada, mais que opostos são, na verdade a mesma coisa, um complemento, um não existe sem o outro, e o tudo é nada, e o nada é tudo.
Figmentos fragmentados de uma vida que acaba, e se acaba então começa, nada mais que a dualidade insuportavel da encarnação encarcerada da prisão da roda da vida, que gira, gira, gira sem nunca parar, sem nunca se mover, presa, dentro de si mesma em um único fluxo de energia inexorável.
E a vida continua, muitas foram as promessas, muitas foram as mentiras, muito foi feito, e muito voltou, como uma chicotada de puro ódio, que só sabe quem passou por isso, e quem mais passou por isso?
Se sou só eu, se sou único como alguém mais passou por isso?
E no entanto, se sou só eu então sou um pedacinho de tudo, pois tudo se junta aqui, em mim, e todas as emoções se juntam aqui e se dissipam aqui.
E sou só mais um, junto com outro e mais outro, e mais outro, e mais um aqui, e mais outro ali.
E a solidão vem, vem também a dor do ego, da sombra que se desfaz, que não quer se desfazer, e os dias passam o trabalho não anda, a vida não caminha, e putz, tudo o que queria era dizer
EU TE AMO.
E tudo o que eu queria era poder olhar para o mundo e ver o céu azul, o futuro acontecendo, mas não acontece.
E mais uma vez vem o ódio, rir de mim mesmo...
E fico aqui, tentando viver, e quem tenta não faz...
E fico aqui, meio morto.
Queria morrer.
Queria chorar.
E não faço nem um nem outro... nem fujo, sinto.
Sinto sei lá o que e dias depois algo novo começa a voltar...
O novo velho, o sonho que ficou para trás, aquela velha vontade de sobressair, de pular entre os pingos da chuva, e as lembraças de que fiz o que eu podia, e agora faço o que posso... E voo longe no pássaro que aqui pousou...
E a vida continua.
E os políticos continuam sua robalheira, e me pego apostando comigo mesmo que parte do rio ou de qualquer outro estado que vai sucumbir perante o lixo, perante as chuvas, perante ocupações sem jeito.
E o carnaval está aqui.
E o futibol ta aqui.
O pão e circo dos romanos que nunca sumiu, continuam aqui.
E me descubro, me renovo depois da morte, e me preparo.
Sem ser cristão, nem budista, nem nada, ou sendo tudo ao mesmo tempo.
Mas já não preciso implorar perdão a Deus nenhum, nem ser salvo, nem me arrepender... Eu fui, eu fiz, eu sinto a reação dos meus atos, eu sou a ação do meu amor.
E não preciso mais procurar nem achar, o caminho vai se mostrando, e eu sempre soube que não seria fácil, e quando ficar com raiva então serei a raiva.
E um dia talvez, quem sabe eu possa sorrir e ver o céu azul, livre do orgulho, da raiva, do ódio, livre dos fragmentos.
Livre da cegueira.
E quem sabe até o ano que vem a roubalheira em cima dos que muito pouco tem tenha diminuido e que possamos passar um ano sem matar ninguém, e que possamos abraçar o caminho da paz sem ter que viver enfurnados em um templo qualquer implorando a caridade de um Deus de guerra e violência baseado num disse que me disse que ja tem milhares de anos.
E quem sabe ano que vem eu possa morrer defifinitivamente para a prisão que me prende e servir melhor ao amor.
E amar sem pedir, sem dar.
E ser amar.
E quem sabe ano que vem nunca existiu.
E quem sabe ano que passou nunca existiu.
E o agora vai se acabando sem nunca ter fim nem começo, em um único ciclo infinito.
E quem sabe...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.